GASTÃO DE HOLANDA
 – O Gráfico Amador

Gastão de Holanda (Recife, 11 de fevereiro de 1919 - Rio de Janeiro, 1997) foi um advogado, jornalista, professor, poeta, contista, editor, designer, conforme reza o verbete da wikipedia, que completa: Fundou no Recife a editora O Gráfico Amador, em 1954, juntamente com Aloísio Magalhães, José Laurenio de Melo, Orlando da Costa Ferreira e Ariano Suassuna, em cujas oficinas foram impressos e editados livros de Carlos Pena Filho, Mauro Mota, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Hermilo Borba Filho, Francisco Brennand entre outros..  A aventura editorial durou até 1960, com 27 títulos “oficiais” além de cinco edições por encomenda de amigos (entre os quais os de João Cabral de Melo Neto – Pregão turístico do Recife (1955) e o lendário Aniki Bobó, parceria de João Cabral com  Aloísio Magalhães).

Elencamos as mais notórias no campo da poesia:

SUASSUNA, Ariano. Ode. Recife, O Gráfico Amador, 1955. Ilustração de Aloísio Magalhães (capa). Tiragem (1a ed.) de 12 exemplares numerados, e 2ª, ed. sem tiragem definida. Série Cartas de Indulgência, número 1.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Ciclo. Recife, O Gráfico Amador, 1957. Capa de Abel Accioly e xilogravuras coloridas à mão (aquarela) de Reynaldo Fonseca. Tiragem de 96 exemplares numerados e assinados pelo autor e pelo ilustrador. Série Cartas de Indulgência, número 3.

BAUDELAIRE, Charles; MALLARMÉ, Stéphane; VERLAINE, Paul; & RIM-BAUD, Arthur. Rumeur & Vision. Recife, O Gráfico Amador, 1957. Ilustrações de Reynaldo Fonseca. Tiragem de 200 exemplares numerados.

MORAES, Vinícius de. Receita de mulher. Recife, O Gráfico Amador, 1957. Sem tiragem definida. Série Volantes, número 1. Homenagem ao poeta no segundo aniversário do Atelier 415.

LEITE, Sebastião Uchoa. Encontro de Manuel Bandeira. Recife, O Gráfico Amador, 1958. Sem tiragem definida. Série Volantes, número 2.

MELO, José Laurenio de. Pergunta. Recife, O Gráfico Amador, 1958. Sem tiragem definida. Série Volantes, número 3.

LEITE, Sebastião Uchoa. Dez sonetos sem matéria. Recife, O Gráfico Amador, 1960. Ilustrações de Orlando da Costa Ferreira. Tiragem de 250 exemplares numerados e assinados pelo autor e pelo tipógrafo. Série Cartas de Indulgência, número 4.

WANDERLEY, Jorge. Gesta e outros poemas. Recife, O Gráfico Amador, 1960.   Projeto gráfico de Gastão de Holanda com gravura de Adão Pinheiro. Tiragem de 200 exemplares numerados e assinados pelo autor e pelo ilustrador. Série Cartas de Indulgência, número 5.

FERREIRA, Orlando da Costa. Dois poemas incidentes. Recife, O Gráfico Amador, 1961. Ilustrações de Orlando da Costa Ferreira. Tiragem de 200 exemplares numerados e rubricados com vinhetas do autor. Série Cartas de Indulgência, número 6.

OVÍDIO. Elegia. Recife, O Gráfico Amador, 1961. Tradução do francês e ilustrações de Gastão de Holanda. Tiragem de 70 exemplares numerados, compostos em garamond corpo 20 e impressos sobre papel Guarro. Esta elegia faz parte do livro Os amores de Ovídio.

A editora passou por várias fases, iniciando-se no Recife e consolidando-se no Rio de Janeiro. Em relato na obra Editores artesanais brasileiros, de Gisela Creni*, Gastão ressalta uma edição de que muito se orgulha: ESCRITURA, mas controversa: “Mas nosso maior lance foi um livro de invulgar complexidade, que não só marcou indelevelmente as nossas artes gráficas, como provocou o abalo financeiro da editora: o livro chamava-se  Escritura (1973). Um livro de cadernos, cada um entregue a uma pintora/gravadora  do Rio, que nos devolvia um trabalho inspirado  num verso ou fragmento de prosa: Anna Bella Geiger, Anna Letycia, Cecília Jucá, Maria Luiza Leão, Marília Rodriges, Renina Katz, Thereza Miranda e Vera Bocayuva Mindlin. “Esse livro — escrevia eu na nota introdutória — al[em de ser um breve idílio entre as artes gráficas conhecidas — tipografia, gravura em metal, xilogravura e serigrafia — e divulgadas como arte de reprodução, é o resultado de uma integração entre texto e imagem.” Foi recusado por um importante bibliógrafo da cidade porque “não era costurado”... No lançamento em que reuniu trezentas pessoas no Museu da Chácara do Céu, só vendeu um exemplar...
          Conseguiram uma parceria com Portinari e a colaboração de Carlos Drummond de Andrade que se dispôs a escrever sobre o Quixote, “glosando” os desenhos do grande mestre brasileiro.

          Gastão de Holanda passou por várias fases e editoras, entre elas O Gráfico Amador, Mini Graf e Fontana, e a revista José, com edições hoje reverenciadas por colecionadores e estudiosos de nossa poesia, literatura, artes gráficas e artes plásticas.

ESCRITURA: Anna Bella Geiger, Anna Letycia, Cecília Jucá, Maria Luiza Leão, Marília Rodrigues, Renina Katz, Thereza Miranda, Vera Bocayuva Mindlin. Textos: Euclides da Cunha, Aníbal Machado, Vassily Kandinsky, Gastão de Holanda, Octavio Paz, Victor Vasarely, [e os poetas] Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade. Coordenação: Gastão de Holanda, Cecília Jucá, Lúcia Linda. Rio de Janeiro: 1973.   8 cadernos (inconsúteis) assinados pelos artistas.  Textos em português, inglês e francês. Tiragem: 200 exemplares numerados de 1 a 200; 15 exemplares numerados de I a XV.  Textos impressos em offset; serigrafia, xilogravura e gravura em metal, para as ilustrações originais. Impressão dos textos e fotolitos: Graphos Industrial; Serigrafias no ateliê de Lucho Covararrubias. Encadernação: ateliê Denoir Machado e Sérgio dos Santos, prelos manuais. Ex. n. 154/200 na bibl. Antonio Miranda.

D. QUIXOTE - CERVANTES   PORTINARI   DRUMMOND

Rio de Janeiro: Fundação Ottoni de Castro Maya, 1973.

Livro com capa dura, revestida de tecido, com reproduções de

Cândido Portinari, textos de Carlos Drummond de Andrade a

partir de leituras da obra Don Quijote de la Mancha, de Cervantes.

Exemplar da Col. Antonio Miranda